A construção com adobes é utilizada há milhares anos pela humanidade. A sua aplicação remonta a mais de 6000 anos e foi difundida um pouco por todo o mundo devido à sua facilidade de produção, fácil aplicação e versatilidade. Em Portugal encontramos ainda adobes em edifícios um pouco por todo o país.
Com o advento da industrialização no século XIX este tipo de construção foi sendo abandonado aos poucos, no entanto o seu valor está novamente a ser reconhecido devido às suas inúmeras vantagens.
A principal vantagem consiste em ser um material ecológico e sustentável, já que o barro é reutilizável, e quando é não cozido, como no caso do adobe, pode ser triturado e humedecido para voltar ao estado original. A produção do adobe não necessita de grande quantidade de energia e não acarreta emissão de gases com efeito de estufa na atmosfera, como acontece com os tijolos cozidos. Para além disso, a terra é o material mais abundante e duradouro que existe e encontra-se em quase todos os locais!
Em regiões de clima quente e seco é comum o calor intenso durante o dia e abruptas quedas de temperatura à noite, a inércia térmica garantida pelo adobe minimiza esta variação térmica no interior das casas. É assim um excelente isolante térmico, mantendo a temperatura no interior relativamente equilibrada. Por isso o adobe é utilizado em diversas partes do mundo, especialmente nas regiões quentes e secas, mantendo o interior das casas fresco, o que ajuda a suportar as altas temperaturas.
Até mesmo em regiões húmidas as construções de adobe têm vantagens, podendo absorver até 30 vezes mais humidade do que uma construção de tijolo cozido ou bloco de cimento.
Tanto o adobe como a taipa vão ao encontro do desenvolvimento sustentável, reduzindo os impactos ambientais negativos produzidos pela construção civil, uma das grandes preocupações da atualidade.
No geral, as técnicas de construção com terra têm um baixo impacto ambiental, principalmente devido à produção local e em pequena escala, ao reduzido gasto energético com transporte, à utilização de matéria-prima local, reduzido consumo de energia para sua produção, baixo nível de geração de resíduos da construção e demolição e elevado potencial de reciclagem.
O adobe tem a forma de um paralelepípedo retangular, sendo que normalmente o comprimento corresponde ao dobro da largura, sendo a altura preferencialmente igual a metade da largura, e maior ou igual a 7 cm. São tijolos de terra feitos à mão e secos ao sol, adquirindo desta forma as propriedades físicas necessárias para construir paredes, arcos e a coberturas como cúpulas e abóbadas.
Para atender às necessidades específicas de cada projeto, como por exemplo, paredes curvas ou com ângulos diferentes de 90º, podem ser feitos adobes com formatos especiais.
O barro para moldagem do adobe deve ser destorroado, antes da adição da água, sendo depois amassado até obter a consistência apropriada para a moldagem.
A composição do barro pode ser corrigida com adição de areia, ou com mistura de dois ou mais tipos de solos, à medida que vão sendo realizados ensaios de comportamento nos adobes produzidos experimentalmente, para verificação do seu desempenho.
Na moldagem do adobe, o barro deve preencher completamente o molde. Deve desmoldar-se o adobe de seguida e colocar sobre uma superfície nivelada para secar naturalmente. O tempo de secagem varia em função das condições climáticas da região. Deve evitar-se a secagem acelerada no início do processo para que o adobe não rache.
A humidade e a erosão produzidas nas paredes de taipa e adobe são as principais causadoras da deterioração destas construções, sendo por isso necessário protegê-las através da aplicação das seguintes medidas:
Sistemas de drenagem ao redor da construção;
As paredes devem assentar numa base de material que impeça a ascensão de água;
Uso de rebocos feitos com argamassas à base de terra. Nas paredes externas, expostas às chuvas, estas argamassas devem ser estabilizadas com materiais que garantam melhor proteção, como a cal;
Beirais nos telhados;
Calçadas na zona envolvente;